Diferentemente da Linguística estrutural, a
qual considerava apenas a fala, a sociolinguística possui o foco na língua falada,
principalmente nas variações linguísticas. Por isso, também está relacionada à
gramática funcionalista, em que se consideram a diversidade e as situações de
uso.
A sociolinguística é interdisciplinar, ou
seja, dialoga com diversas áreas do conhecimento como psicologia, filosofia e
sociologia. Ela investiga a relação entre a linguagem e a sociedade,
observando, descrevendo e analisando o uso da fala em seu contexto social.
Seu objeto de estudo é a diversidade linguística
em situações reais de uso da língua falada por minorias sociais, por exemplo, as
quais podem sofrer preconceito lingüístico pelas demais classes sociais que
estigmatizam sua fala. Visto isso, a sociolingüística também estuda as relações
de poder manifestadas pela linguagem.
Uma conversação não se vale apenas de uma
gramática e de léxico, ela utiliza diversos recursos verbais ou não verbais,
por isso passou-se a estudá-la.
A Análise da Conversação iniciou-se na década
de 60 sob um aspecto descritivo das estruturas da conversação e seus
mecanismos. Atualmente, consideram-se também aspectos lingüísticos,
paralinguisticos e socioculturais, os quais compreendem a interpretação e não
apenas a organização nas atividades conversacionais.
A conversação não é um fenômeno no qual a
fala é um aglomerado de palavras com significado autônomo. Sendo altamente
organizada, pode ser examinada e estudada cientificamente.
A Análise da Conversação, empiricamente tenta
responder as questões advindas das situações reais: como as pessoas se
entendem? Como sabem que são entendidas? Quais conhecimentos utilizam e como
utilizam? Entre outras.
Difere-se da Análise do Discurso e da
Pragmática, pois leva em consideração as ações humanas e suas diversas culturas
(estudadas pela Etnometodologia e Antropologia Cognitiva), mas considera o
caráter pragmático da conversação por conta da vinculação contextual e
interação social.
A Análise da Conversação reproduz
conversações reais e considera detalhes de entonação e aspectos não verbais na
transcrição utilizando símbolos.
Abaixo há um exemplo de transcrição de uma
conversa ao telefone, considerando os símbolos do livro de Marcuschi: Análise
da Conversação:
V: boa tarde o Michel está”
((aguardando na linha))
V: é a Viviane da Latini:
((ouvindo a resposta))
V: ah (+) só amanhã”
V: ta bo::m então(+) ta: briga:da, tchau.
((bate o telefone no gancho))
V: ele já partiu
P: pá onde gente”
((risos))
V: dessa pra melhor ((rindo))
V: ela disse que ele já foi embo:ra
No ensino da língua portuguesa, o professor
deve levar em consideração a linguística textual, ou seja, incluir a fala no
processo. Ele precisa ter em mente que a língua é um fato social, adquirida
pelos indivíduos em seu convívio e que a minoria social, os mais
desfavorecidos, possuem os maiores casos de insucesso escolar.
Cabe ao docente contextualizar diversas
situações (social, histórica, cultural, política, ideológica) com o ensino de
uma Gramática Produtiva, a qual amplia a competência comunicativa sem ter a
norma culta como a única possibilidade.
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