sexta-feira, 30 de maio de 2014

Um pouquinho de Sociolinguística.

Diferentemente da Linguística estrutural, a qual considerava apenas a fala, a sociolinguística possui o foco na língua falada, principalmente nas variações linguísticas. Por isso, também está relacionada à gramática funcionalista, em que se consideram a diversidade e as situações de uso.
A sociolinguística é interdisciplinar, ou seja, dialoga com diversas áreas do conhecimento como psicologia, filosofia e sociologia. Ela investiga a relação entre a linguagem e a sociedade, observando, descrevendo e analisando o uso da fala em seu contexto social.
Seu objeto de estudo é a diversidade linguística em situações reais de uso da língua falada por minorias sociais, por exemplo, as quais podem sofrer preconceito lingüístico pelas demais classes sociais que estigmatizam sua fala. Visto isso, a sociolingüística também estuda as relações de poder manifestadas pela linguagem.
Uma conversação não se vale apenas de uma gramática e de léxico, ela utiliza diversos recursos verbais ou não verbais, por isso passou-se a estudá-la.
A Análise da Conversação iniciou-se na década de 60 sob um aspecto descritivo das estruturas da conversação e seus mecanismos. Atualmente, consideram-se também aspectos lingüísticos, paralinguisticos e socioculturais, os quais compreendem a interpretação e não apenas a organização nas atividades conversacionais.
A conversação não é um fenômeno no qual a fala é um aglomerado de palavras com significado autônomo. Sendo altamente organizada, pode ser examinada e estudada cientificamente.
A Análise da Conversação, empiricamente tenta responder as questões advindas das situações reais: como as pessoas se entendem? Como sabem que são entendidas? Quais conhecimentos utilizam e como utilizam? Entre outras.
Difere-se da Análise do Discurso e da Pragmática, pois leva em consideração as ações humanas e suas diversas culturas (estudadas pela Etnometodologia e Antropologia Cognitiva), mas considera o caráter pragmático da conversação por conta da vinculação contextual e interação social.
A Análise da Conversação reproduz conversações reais e considera detalhes de entonação e aspectos não verbais na transcrição utilizando símbolos.

Abaixo há um exemplo de transcrição de uma conversa ao telefone, considerando os símbolos do livro de Marcuschi: Análise da Conversação:

V: boa tarde o Michel está”
((aguardando na linha))
V: é a Viviane da Latini:
((ouvindo a resposta))
V: ah (+) só amanhã”
V: ta bo::m então(+) ta: briga:da, tchau.
((bate o telefone no gancho))
V: ele já partiu
P: pá onde gente”
((risos))
V: dessa pra melhor ((rindo))
V: ela disse que ele já foi embo:ra



No ensino da língua portuguesa, o professor deve levar em consideração a linguística textual, ou seja, incluir a fala no processo. Ele precisa ter em mente que a língua é um fato social, adquirida pelos indivíduos em seu convívio e que a minoria social, os mais desfavorecidos, possuem os maiores casos de insucesso escolar.

Cabe ao docente contextualizar diversas situações (social, histórica, cultural, política, ideológica) com o ensino de uma Gramática Produtiva, a qual amplia a competência comunicativa sem ter a norma culta como a única possibilidade.

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